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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

SEQUESTRO

Para onde me foram levadas
as cores que sempre amei
ou que podia amar
ou até repudiar
se me desse na telha
tu me sequestraste as cores
e poucas escolhas
ficaram no fundo do armário
que teimou em colecionar
peças proibidas
guardou nas gavetas
um fundo falso
onde pus as minhas peças
arcoirescas
bruscas
chegantes
elas ficaram lá
não descolori
de todo
ficou aquele suéter
do tempo do ronca
quando roncar era bonito
e música de sono tranqüilo
meus barulhos hoje
são outros
fazem silêncio no corpo
e meio que exaustos
resolveram juntar-se à minha
indumentária
condenada
pelo esquadrão da moda
e pelo amor que eu pensei
ser meu
mas era de
outra
que eu nunca fui
mas que de quinze anos pra cá
me persegue no espelho.

Fabiana Esteves

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