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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

DOIS POEMAS DE FERNANDO PESSOA

COMO É POR DENTRO OUTRA PESSOA

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Como que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
                             
                                 Fernando Pessoa
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COMO NUVENS PELO CÉU

Como nuvens pelo céu
Passam por mim.
Nenhum dos sonhos é meu
Embora eu os sonhe assim.

São coisas no alto que são
Enquanto a vista as conhece,
Depois são sombras que vão
Pelo campo que arrefece.

Símbolos? Sonhos? Quem torna
Meu coração ao que foi?
Que dor de mim me transforma?
Que coisa inútil me dói?

                                    Fernando Pessoa
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Meu comentário => Nesse plano de existência, marcado por contradições - Céu e Inferno...
A ignorância sobre o sentido de Humanidade em nossas Vidas - pelo desprezo
a Educação e a Cultura refletida pelo "nível" daquilo que é veiculado a população pelos meios
tradicionais de comunicação; convive com O legado da Arte expressando aquilo que é Atemporal
- que decididamente não pode ser dissimulado pelos "interesses premeditados" de um mercado direcionado
basicamente para os conceitos de compra e venda.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

BLÁ-BLÁ-BLÁ TI TI TI... II // (MAIS UM POUCO DE METRALHA...)

De modo geral, dentro do “Teatro Novelesco das Relações Sociais” quando chega o momento efetivo de por a mão na massa; ou seja, colocar em prática pela Ação a fusão da Unidade entre a Teoria e Prática aproximando ao máximo a Palavra do Sentimento e da Ação – surge o tal Blá-Blá-Blá  Ti Ti Ti...

Seja nos afazeres básicos domésticos como: lavar, passar roupa, cozinhar, etc... Ou no  conjunto de práticas relacionadas ao Estudo Sério - em outras palavras, estabelecimento de uma Rotina (que nunca foi sinônimo de castigo; mas, sem dúvida tem muita correspondência com o sentido Esforço e Dificuldade) – somos “seduzidos” ao artifício desse excessivo palavrório e teorização.

Dessa forma, cada qual se utiliza das “racionalizações” pertinentes a cada conveniência para pular algumas páginas do livro de nossa jornada, quando chega o momento de enfrentamento com essa Realidade...

Os politiqueiros também utilizam desse artifício, quando no alto dos palanques, dizem e prometem com palavras bonitas resolverem os problemas de Educação, Saúde e Transporte – contudo, essas promessas se perdem no emaranhado da Politicagem partidária, voltada para outros interesses... E eles, diga-se de passagem, se apóiam no conjunto de Leis – repletas de artigos complexos e inacessíveis a população – para serem beneficiados em causa própria  no Universo do Blá-Blá-Bl-a Ti Ti Ti e justificarem a sua inércia.

No fundo a questão é que existe de fato, grande dificuldade a ser transposta para “diminuirmos” esse efeito de inoperância do Blá-Blá-Blá Ti Ti Ti em nosso dia a dia; principalmente porque a perfeição, simplesmente não é desse Plano. 
Mas, em contrapartida é a busca sincera pela Perfeição que pode melhorar essa nossa Sociedade aflita começando pelo nosso próprio esforço interior.  

                               Claudio Pierre


Meu comentário => A meditação sem Blá-Blá-Blá Ti Ti Ti não tem nada a ver com “desligamento” da Realidade e ausência de Esforço.  É exatamente a Consciência sobre a Unidade que faz com que reconheçamos nossas limitações, sem, contudo, perder a atitude, cultuando o espaço vazio que deve ser preenchido de forma subjetiva na Ação e intenção de nossa Humanidade

Particularmente, não tenho grande trânsito social, pois justamente preservo certo distanciamento com esse Teatro Novelesco das Relações Sociais.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

FRAGMENTOS

Fragmentos no tempo
(delírios de um Mísero Demente...)

A canoa virou...
Por tantas vezes, na linha tênue do sonhador – barquinho de papel – no mar sem fim,

E o tempo passou...
Mas a Alma juvenil, não se deixou levar pela frieza de uma programação fugaz, que dita normas e procedimentos.

A ilha...
O coração da Musa a milhares de milhas da proposta evolutiva de simplesmente trocar sentimentos, e, quem sabe – rebrilhar a Aurora, no encantamento do Encontro.

Travessia complexa...
Essa herança do Místico – mesmo sob intensa pressão, de uma padronização insensível que segue na contramão da comunhão – que gera a competição histérica para com nosso semelhante, em troca de uma ilusão fugaz de um “sucesso artificial” –  ainda no fundo do peito o inabalável compromisso de seguir sempre em frente.

Roda viva...
Tudo o que foi dito e conceituado, não pode substituir a emoção do momento - com todos os seus desdobramentos para cada caminho.

Talvez por isso a existência tenha esse sabor – nem sempre doce, nem sempre amargo... Cujo paladar nem sempre podemos definir no instante presente; cuja fotografia registre somente o flash, nesta nossa pressa louca de viver pelo amanhã.    

Fragmentos no tempo – Registro de um Mísero Demente,
Que sob o signo da lua, delirantemente brinca com seus versos – sem métrica e sem rima, Buscando um sentido que traduza algo além dos limites que a palavra e a severidade dos conceitos impõem aos sentimentos juvenis do coração. 


Alma de Lua  

        Claudio Pierre

(Do Registro - FRAGMENTOS)


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

BLÁ-BLÁ-BLÁ... TI TI TI...

Esse "papo furado" que proclama ser determinada "Lei" legal, mas imoral; bem demonstra o desequilíbrio da Sociedade; logo se constata ser "aceitável" que um cidadão se credencie e fundamentalmente continue cumprindo um mandato de Legislador independente de sua moralidade, principalmente quando fique configurado que o mesmo utiliza o seu mandato em causa própria. // É por isso que eu não meu considero um "Ser Social" nesse sentido, aceitando a Lei como uma "proclamação divina" da qual, na condição de "simples mortais" - temos que cumprir (e engolir) cegamente - sem contestação.

                               Claudio Pierre

Meu comentário =>  Na medida do possível vou tentar postar mensagens e pensamentos que enfoquem sobre esse tal de Blá-Blá-Blá... Ti Ti Ti, que compõem esse Teatro Novelesco das Relações Humanas.  

sábado, 10 de agosto de 2013

DIÁLOGOS CONSCIÊNCIA

Existe uma determinada “zona de profundidade”, que segue em rota contrária a essa engrenagem de hipnose, que nos programa para um enfoque essencialmente exterior; de modo que só quando conseguimos superar as divisões interiores, provenientes desse processo, podemos travar um diálogo no presente com a consciência pura, reunificando as diversidades.

“O Amor não se divide. O Amor nos leva a Deus” – Escrevi esta frase há muitos anos atrás; e tenho plena consciência do que ela representa na minha essência.

Para ilustrar essa tese da programação / divisão mental que ocorre externamente,  exemplifico citando algumas situações  subliminares que ocorrem na dinâmica do mercado de trabalho e em extensão na própria dinâmica da vida social:

- O “chefe” cobra a dedicação extrema do “subordinado”, provocando muitas vezes uma “tensão” injustificada e desnecessária, para em seguida, pedir calma...; ou,

- A “chefia” pede urgência para alguma atividade considerada inadiável para aquele dia, e, surpreendentemente no dia seguinte, quando porventura não conseguimos realizar a tarefa solicitada por absoluta impossibilidade, percebemos que “outras prioridades” se sobrepõem aquela que era considerada inadiável...

Ou seja, por vezes uma absoluta incoerência sobre prioridades e uma excessiva pressão sobre resultados – tudo de “brincadeirinha”...

Quando trabalhei em serviços burocráticos, usei certa vez uma frase que pode até soar como chocante; porém, que tem uma resposta essencial a esta pressão, quando pressionado dizia:- O meu chefe é a minha consciência!!!

O que manifestei com essa frase não representa desleixo ou falta de empenho; pois uma das maiores virtudes do meu desempenho profissional era exatamente a eficiência naquilo que me propunha a fazer.

As situações acima se repetem ao longo de nossa vida social, onde somos violentamente condicionados a lutar pela sobrevivência, numa selva de pedra, marcada por toda sorte de injustiças e desigualdades, assistindo invariavelmente ao desrespeito aos nossos direitos mais básicos, como por exemplo, o das garantias individuais proclamadas em nossa Constituição; e ainda assim sermos compelidos a ter tranqüilidade e cidadania – zelando pela Paz Social proclamada pelos politiqueiros de plantão.. 

Volto a pontuar que não deve existir uma única resposta. No entanto, acredito que todo impulso que demanda de uma ação equilibrada representa a melhor motivação para o melhor resultado.

Essa ação equilibrada depende de um conjunto de valores que estabelecemos do lado interior e não de uma certa “padronização exterior e teatral”. 


Também vale a pena frisar que acredito que toda essa estrutura de alienação se sustenta exatamente por essa dinâmica apressada imposta no movimento social organizado, desde Assembléias de Sindicato, Condomínio, até sessões de Câmaras Legislativas. Amparados por uma estrutura que me parece caótica – excesso de “formalidades regimentais” (atas, etc.) => muita palavra e pouco compromisso com orientação para um ação efetiva =>  Tudo é resolvido num clima muito tenso, muito rápido (ou devagar, conforme a conveniência politiqueira) – isso deve ser bom para aquele que se esconde por trás dessa estrutura, utilizando-a para realçar um falso poder, justamente configurando a personagem do “chefe” da maneira como enfatizei.

                                 Claudio Pierre

(Extraído do Registro => Diálogos Consciência / Discursos de um Plebeu).

domingo, 4 de agosto de 2013

DIÁLOGOS CONSCIÊNCIA

Sim; o sistema globalizado, os governos, os governantes, a sociedade, agonizam. Porém, não podem “contaminar” algo que tem raiz na simplicidade original, na essência que está contida em cada consciência.

Essa essência subjetiva brota do movimento natural, que requer muito esforço, contínuo aprimoramento, e que fundamentalmente, percebe essa nossa Condição Humana, como frágil. Que encerra a compreensão de que fazemos parte de um Ciclo; estando naturalmente sujeitos ao movimento de que não podemos “ganhar sempre”, indicando que precisamos entender que as perdas fazem parte do movimento da vida onde nas dificuldades formamos nosso caráter. 

Não tenho a ilusão de crer que vibrações semelhantes as minhas tenham o poder de modificar humanamente o mundo. Considero por minha formação simpática ao Taoísmo, que esse tipo de evolução não existe nesse ciclo.

Ceio que seja, sobretudo uma questão de escolha – quanto maior a ilusão do Poder que desnivela e conduz a competição e a idéia de não perder; menor a consciência sobre a humanidade contida em nosso interior.

Quanto mais nos deixemos “programar” e “hipnotizar” pelo frenético movimento de uma comunicação essencialmente voltada para o apelo do ter sobre o ser, tudo o mais repetirá uma tendência de um mercado de compra e venda.

- Quem quer dinheiro?!? Sob esse slogan se construiu um Império.

Essa é a “lógica” que nos tem programado no nível de massa a crer que existe apenas um modelo, a ponto de popularmente serem corriqueiras expressões como:

- “Amigo é dinheiro no bolso!!!
- “Sou profissional, trabalho aonde pagam mais...”.

Ou seja, quem não está dentro dessa programação está fora – à margem do “Social”.

E a sensibilidade???
Como encontrar nas atividades cotidianas esse precioso espaço subjetivo e imprescindível para o exercício da humanidade, se grande parte das consciências têm sido anestesiadas pela pressão do competir sempre para ter que girar essa Roda / Sânsara...

A nossa mente se sobrecarrega além da conta, e passa a exercer total supremacia sobre o nosso Ser e o nosso Sentir; de forma que o movimento das massas é toda premeditação, na lógica: - O que ganharei em troca?!!

Como artista, venho observando esse diferencial, até entre os próprios artistas (que também são seres)...

O espaço da sensibilidade está sendo contaminado pela mera lógica do mercado, do relógio, da pressa do dia a dia.

Existem dois conceitos que deveriam representar a mesma coisa – Ação e Atividade; porém, cada vez mais estão expressando essa enorme distância entre a sensibilidade e a sua ausência.

ð Atividade – passa a ser a grande válvula de escape, que a nossa mente perspicaz utiliza para que “maquiemos” nossa alienação sub humana, criando com isso a ilusão de uma pretensa Humanidade. Socialmente, precisamos de uma frenética atividade, caracterizada pelas inúmeras “ocupações diárias”, que levam a extrema competitividade, que geram os apelos ao consumo desenfreado...
      Criamos assim a expressão => “O tempo voa”- dessa forma, sem perceber estamos “atrofiando” nossa capacidade subjetiva de frear e desacelerar a programação de um Relógio Humano, imposta pela nossa própria mente - que não corresponde exatamente a realidade plena; e adentrar na consciência do Tempo real que simplesmente passa... 

ð Ação é sutil, seria uma atividade que “brota” do interior (do sentimento) – requer para isso um espaço interior subjetivo que não está condicionado ao comando “exclusivo da mente”.
A ação surge da interação entre o Ser, Sentir e o Pensar – decididamente, ela não poder ser “programada”/”imposta” de “fora” para “dentro”. Sua sede é o coração e o sentimento em harmonia com a razão.
Por isso ela não é “mecânica”, “Social”, “convencional”.

Ao que parece – conceitos e palavras – tem o incrível poder de hipnotizar consciências que se deixam “programar” – esse é o efeito sobre as massas.

A partir daí, se estabelecem critérios sobre o que seria ou não realidade.

Assim, para exemplificar alguns aspectos, na hipnose coletiva das massas, existe um determinado conceito que está diretamente ligado à base daquilo que considero uma das principais habilidades do Ser Humano que seria buscar a realidade do  sonho possível, que sofre com a “programação” que incute a oposição entre: Esse conceito proclama Trabalho x Ideal – levando ao entendimento de que todo o processo que leve ao ideal, nem sempre isento de luta, representa uma ilusão; e que a realidade determina o caminho mais curto – exercer uma atividade ao longo de toda uma vida em troca de dinheiro, muitas vezes sem nenhum laço emocional com essa atividade – comparado à prostituição. 

Ou seja, quem entra nesse circuito, corre o risco de ficar aprisionado nesta cadeia exercendo parcialmente seu potencial criativo, pois o seu Ideal de vida não encontrará espaço nessa “realidade”, que o levará sempre a essa racionalização => trabalho x prazer.

Mesmo aquele que consegue êxito em sua busca pelo ideal, corre o risco de que em nome da tal “independência financeira” – venha a trilhar situações de vida que nada acrescentem ao seu movimento integral e subjetivo de Humanidade; ou seja, na ótica exclusiva do conceito e da palavra ele fará qualquer coisa com o objetivo de ganhar mais dinheiro – viverá em função disso. 

 A essência do problema não está ligada como se poderia supor ao dinheiro.
O dinheiro passa a ser somente uma manifestação de uma “válvula de escape” para por meio de um apelo contumaz de um ímpeto frenético de compra e venda compensar o nosso descontrole em frear, desacelerar a programação acelerada que herdamos de uma sociedade automatizada e globalizada, que conclama para uma única direção.

Existe, portanto, certa relação com o Poder, no sentido de competição, de levar vantagem sobre “o outro”; que no fundo revela justamente um desencontro com nossa essência interior.


Em suma, falta o devido diálogo com a consciência pura que habita em nosso interior, e que absolutamente não está relacionada com um padrão de linguagem que possa ser “manipulado” exclusivamente pela mente, com suas racionalizações e artimanhas “socialmente lógicas” do Ter sobre o Ser. 

                          Claudio Pierre

(Do Registro Diálogos Consciência / Discursos de um Plebeu)